sábado, 11 de abril de 2009

Paraguay e os Alemães

Por algum motivo desconhecido alguns lugares me atraem mais que outros para viajar e fazer turismo. Não sei exatamente o que procuro, mas certamente não está nos lugares batidos como Espanha, França, Inglaterra e EUA. A Itália já me atrai mais um pouco, principalmente pelo fato das bisavós Nunciata e Beatriz serem italianas, algo do passado me chama a esse país, da mesma forma que Portugal. O leste europeu também é um lugar que instiga muito a minha curiosidade (a Kasia que o diga!). Penso encontrar lá uma cultura européia mais pura que a da europa ocidental, totalmente desgastada pela cultura Pop, sem nenhuma moral mais e caminhando para a morte demográfica. Também gosto da América do Sul, os vizinhos sobre o qual pouco sei, e do oriente extremo (China, Japão, Rússia, Índia), além é claro do Brasil. Lugares que risco do meu mapa incluem toda a África, pois eu gosto de voltar vivo de minhas viagens, e as terras Muçulmanas, devido ao terrorismo e perseguição aos cristões que eles promovem.

E nesse mapa é que entra o Paraguay. O que se passa nesse país vizinho que nunca visitei? Como será que eles veem o Brasil? Como eles vivem? Qual é a cara do povo de lá? Eles realmente falam Guarani? Até então a única coisa que sabia sobre o país é o esteriótipo de supermercado de bugigangas eletrônicas e bens contrabandeados ou mesmo roubados.

Logo antes da viagem vieram os avisos. A minha mãe entrou em pânico ao saber que iriamos lá, é muito perigoso ela disse, mas não dei muito ouvidos, pois ela é exagerada mesmo. Antes de cruzarmos a ponte algo muito mais assustador, uma mulher negra parou a Kasia e disse para ela ter muito cuidado com quem conversa no Paraguay, pois as vezes eles somem com alguém que vai para lá. Isso sim foi de assustar, vindo de uma moradora do local ... mas como somos corajosos, seguimos em frente!

Não há nenhum ônibus de Foz do Iguaçu para Encarnacion, onde queriamos ir, somente para Asuncion, que é bem longe, então fizemos o seguinte trajeto maluco: Ônibus para a Ponte da Amizade, aduana brasileira, travessia da ponte a pé, aduana paraguaia e travessia pela Ciudad del Este até a empresa de ônibus. A vista atravessando a ponte é linda, há uma ilha totalmente preservada no meio do rio e muito verde presente ainda. Mas inquietante andar num lugar a poucos passos da morte, já que uma queda da ponte na água é fatal e há pouca proteção. Todo ano tem gente que se suicida da ponte. A aduana brasileira é muito bem equipada, dezenas de agentes armados. Já a paraguaia é difícil até de achar, parece um puxadinho ...

Ciudad del Este é uma cidade que mais lembra os países árabes segundo a Kasia, ou o velho oeste. Cheio de camelos por todos os lados, vendedores as centenas e policiais e seguranças com escopetas do tamanho indo da cintura até o chão, realmente de botar medo aquelas armas. No caminho encontramos coisas curiosas, como um memorial para o Reino Árabe Sírio, o mapa na entrada da cidade em Chinês e uma praça com estilo oriental e uma estatua do presidente de Taiwan! Realmente a relação com as bugigangas vindas do oriente é importante para eles rsrsrs. Chegamos sem maiores problemas na empresa de ônibus, ufa, escapamos do velho oeste. E realmente Ciudad del Este é o pior do Paraguay, o melhor seria realmente evitar essa cidade se você quer conhecer o País e não fazer compras, mas o precário transporte no país dificulta isso.

5 horas depois chegamos em Trinidad, as lindas ruínas jesuítas! Por 5.000 pesos (R$ 2,50) pode-se entrar no local e visita-las e ver onde os padres e os índios moravam e uma catedral realmente bela, apesar de muito destruída. A torre do sino, os cemitérios, etc. Lá fiquei sabendo de algo que não sabia: Os Jesuítas foram ativos +/- de 1600 a 1770, quando Carlos III da Espanha os expulsou, antevendo uma provável revolta indígena, e que colocou padres de outras ordens como os franciscanos e dominicanos para cuidar das missões, o que desagradou os índios que abandonaram então as missões. Uma história triste te um exemplo fantástico de evangelização com desenvolvimento local. Eles trabalharam bastante para levar fé, progresso material e educação aos indígenas. Pena que um despota pouco esclarecido levou tudo a ruína.

Depois disso fomos para Encarnacion e conhecemos mais do Paraguay propriamente dito. É um povo engraçado, misturando traços indígenas e europeus. Muitos nativos tem olhos claros, mas falam fluentemente Guarani entre sí. Tive a impressão que se fala mais Guarani com familiares e amigos e mais espanhol com desconhecidos. Também há Japoneses e uma forte influência alemã lá. O consulado alemão restaurou Trinidad praticamente sozinho, e por todo lado se vê hoteis em estilo alemães e mesmo muitas criancinhas loiras. De fata há algo de muito curioso entre o Paraguay e os alemães. Chegando em encarnacion, onde ficamos no hotel Germano, lá eles emprestaram um guia de viagem para a gente que na verdade é uma guia para os alemães imigrarem para o Paraguay, citam os Menonitas, um grupo evangélico fechado, e as leis de imigração do País, que basicamente permite qualquer um com uma soma X de dinheiro de imigrar pra lá. Não chegamos a uma conclusão sobre porque os alemães gostam tanto de lá, havendo imigração até hoje, ou se somente as minorias religiosas migram ou variados. Há muitos mormons, testemunhas de Jeová (como os japoneses que cuidavam do nosso hotel) e Menonitas no país e de alguma forma eles gostaram do Paraguay e foram em peso pra lá, além é claro da tradicional igreja católica e uma notável ausência dos evangélicos tradicionais e pentecostais, coisa que muda assim que se atravessa a fronteira. Resumindo o fim da viagem, Encarnacion é uma cidadezinho bonita, de tamanho médio e segura (pode-se sair a noite sem problemas) e que contrasta com o estilo caótico de Ciudad del Este. De fato o país é bem pobre, e na maioria das cidades nem a rua principal é asfaltada. Os ônibus são bem zuados, o que atrapalha bastante o visitante que usa o transporte público, mas fora isso gostei muito de lá e acho que os esteriótipos não fazem juz ao país, acho que somente a Ciudad del Este.

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